quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Bruno Munari

Ao assumir o posto de professor substituto de Composição Decorativa I fui apresentado à ementa da disciplina e fiquei surpreso: nenhum dos três livro recomendados na bibliografia podia ser encontrado na biblioteca de nossa unidade. Além disso, nenhum deles estava traduzido para o português. Dois livros em língua inglesa e o terceiro em francês!
Não posso tecer considerações sobre o conteúdo dessa bibliografia. Não consegui encontrar tais livros em outros lugares.
Para facilitar o acesso dos alunos a leituras e aproveitando a ocasião para atualizar o conteúdo teórico da matéria, enumerei diversos títulos que estão na listinha presente na primeira postagem desse blog.
Contudo, estou sempre atento a novas sugestões e, seguindo o conselho do amigo Euriclésio Sodré (que foi professor substituto de Composição Decorativa I na época em que eu era estudante) procurei o italiano Bruno Munari. O seu livro Design e Comunicação Visual é de leitura leve e agradável e, apesar de ter sido escrito entre 1967/68, ainda é muito pertinente, sendo utilizado em diversos cursos de design e artes visuais.
Sempre chamo a atenção dos alunos para as novas tecnologias como fator essencial na atual utilização do conteúda da nossa disciplina no mercado de trabalho. Vejam o que o Bruno Munari diz sobre isso:
Muitos artistas de artes visuais, pintores, desenhistas etc. têm horror a máquinas. Não querem sequer ouvir falar nelas. Na verdade acreditam que um dia as máquinas poderão criar obras de arte, e já se sentem desempregados. [...] um dia teremos a arte das máquinas? Frase que demonstra apenas ignorância do assunto, pois é o mesmo que perguntar: um dia teremos a arte do pincel? Ou do lápis? (p. 47-48)
[...]
A arte é um fato mental cuja realização física pode ser confiada a qualquer tipo de meio.
Nas velhas academias, o ensino está ainda muitas vezes baseado nas técnicas antigas, e enquanto os estudantes se afadigam à volta de uma técnica ultrapassada, seus cérebros já estão no futuro próximo. (p. 54-55)

A potencialidade do trabalho com módulos e repetição é imensa e de extrema contemporaneidade. Engessar as possibilidades criativas dos alunos em uma determinada técnica de execução é deixar escapar - por puro preconceito - imagens, idéias, soluções.
Como entendo que o aprendizado da repetição modular passa principalmente pela compreensão de estruturas, creio que tudo isso pode ser utilizado para a feitura de excelentes trabalhos de pintura, computação gráfica, desenho, fotografia, vídeo, moda, design...
Fica a dica de leitura:
MUNARI, Bruno. Design e Comunicação Visual: contribuição para uma metodologia didática. São Paulo: Martins Fontes, 1997.


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